miércoles, 18 de noviembre de 2015

Nº3. "Narrar para enseñar. Leer para comprender". Estrategias docentes en las escuelas actuales

El 3 de octubre tuvo lugar en el Museo del Libro y de la Lengua la Jornada Narrar para enseñar, leer para comprender. A través de esta se ha querido contribuir a hacer conocer las preocupaciones, los intereses y las soluciones de los docentes en la educación lingüística –en sentido amplio- de sus estudiantes, con la convicción de que constituye una parte fundamental de su formación como individuos y como actores sociales. Si bien somos conscientes de que el panorama presentado corresponde solo a un recorte acotado de las problemáticas educativas actuales, consideramos que dicho recorte señala un aspecto significativo.

La labor emprendida, primero a través de las entrevistas y luego con estas Jornadas que las difundió y discutió en sus diferentes actividades, deriva del compromiso de la institución con las políticas lingüísticas, que representan cuestiones centrales en el área de las políticas públicas educativas. En este sentido esta Jornada constituyó un ámbito de difusión y discusión cuya riqueza nos pareció digna de ser compartida con docentes y personas interesadas en el futuro de la educación.


A continuación se pueden escuchar las tres conferencias dictadas, la del Prof. Aníbal Jarkowski "La relación autor-lector. El docente: la voz del autor dentro del aula", la de la Prof. Roxana Levinsky “Comprender la trama de los textos y la trama del mundo” y de Ángela L. Di Tullio "Reflexiones sobre el lenguaje: el lugar de la gramática en la escuela" y el panel de profesores, en el que participaron los profesores Reina Robledo. Diego Lencina, Lila Rucci y Débora Covello y en el que actuó como moderadora la Dra. Perla Zelmanovich.  

Aníbal Jarkowski expuso sus reflexiones sobre las transformaciones derivadas de los nuevos lenguajes digitales en la práctica sostenida de la lectura, que no sólo afectan a la comprensión en los estudiantes no habituados a la lectura tradicional sino incluso a los adultos ya formados. Asimismo, advirtió sobre los cambios que se dan en la escritura, que a pesar de su crecimiento se enfrenta con la realidad de la falta de lectores. 

Escuchar: La relación autor - lector. El docente: la voz del autor dentro del aula. Aníbal Jarkowsky

Ángela Di Tullio se refiere a los cambios que ha introducido el enfoque mentalista de la gramática, que pueden hacer más interesante y provechosa su enseñanza, al dirigirse a hacer consciente el conocimiento implícito que los estudiantes tienen de su lengua a través de resolución de problemas que susciten la reflexión sobre el funcionamiento de la lengua, el uso y la variación.  


La propuesta de Roxana Levinsky para la enseñanza de la lengua y la literatura plantea la necesidad de dejar de lado nomenclaturas y esquemas teóricos para recuperar la experiencia personal que requiere leer, comprender y pensar un texto, y hacerlo objeto de la conversación y la escritura. Esta labor, ligada a la introspección y el diálogo, impone un esfuerzo de concentración y de respeto al silencio y a la subjetividad, especialmente valiosos en los escenarios sociales en los que estas condiciones están muy alejadas de la vida de los alumnos.   

En el panel los profesores convocados explicaron sus experiencias innovadoras en la enseñanza de la lengua y la literatura. Reina Robledo hizo hincapié en el trabajo sobre las diferencias léxicas reconocibles entre los diferentes cronolectos. Diego Lencina se refirió a sus experiencias  relativas al pasaje entre la noticia periodística y el cuento policial. Lila Rucci expuso su proyecto de “la literatura de entrecasa”, que Débora Covello extendió a la poesía. 



miércoles, 29 de abril de 2015

Nº2 "Casi lo mismo. Alrededor de la traducción" : Sopa Paraguaia

Por Nestor Perlonguer


A publicação de mar paraguayo, de Wilson Bueno, coloca-nos diante de um acontecimento. Os acontecimentos costuman chegar em silencio, quase imperceptiveis, somente os mais avisados os detectam. Mas, uma vez que se instalam, que tomam lugar, è como se esse lugar lhes tivesse sido destinado desde sempre. Tudo parece igual, porèm, de uma maneira sutil, tudo se modificou. O acontecimento provocou uma alteração nos hábitos rotineiros, acaso nos ritmos cósmicos; uma perturbação que tem um não sei que de irreversible, de definitivo.
Neste caso o acontecimento passa pela invenção de uma lengua. A imitação e a invenção representam, diria Gabriel Tarde, grandes paixões (práticas) dos homens. Será que foi realmente Wilson Bueno quem “inventou” o portunhol (um portunhol malhado de guaraní, que realiza po debaixo, na medula palpitante da lengua, aquilo que o poeta argentino- ou, melhor, correntino- Francisco Madariaga invocava do alto de um úmido surrealismo lujurioso: gaúcho-beduíno-afro-hispano-guaranì); ou, do seu Altazor artìstico, ele o pegou, o foi tomando de um ou outro trecho de conversa, banal, boba, com a cuia na mão e a “china” (ou a gringa…) passando o chimarrão, em cadeirinhas de palha, no quintal atrás da cozinha. Ele o foi pegando em português e em español 8onde tem o sentido de “colar”), foi deixando que entrasse por um ouvido sem que pudesse sair pelo outro. Embora pareça surpreendente, Wilson Bueno tem algo de Manuel Puig (porque a sua escritura se baseia na conversa, ela joga conversa fora), e tambêm algo de cronista, pois recolhe un modo de falar bastante difundido: prácticamente todos os hispanos-americanos residentes no Brasil usam os inconstantes, precários, volúveis achados da mistura de lenguas para expressar.
Essa mistura tão imbricada não se estrutura como um código predeterminado de significação: quase diríamos que ela não mantém fidelidade esceto a seu própio capricho, desvio ou erro.
O efeito do portunhol é imediatamente po´tico. Há entre as duas lenguas um vacilo. Uma tensão, uma oscilação permanente: uma é ou “ erro” da outra, seu devir possivel, incerto e improbable. Um singular fascínio advem desse entrecruzamento de “desvios”
(como diria um lingüista preso à lei). Não há lei: há uma gramática mas é uma gramática sem lei; há uma certa ortografía, mas è uma ortografía errática: chuva e lluvia (grafadas de ambas as maneiras) podem coexistir no mesmo parágrafo, só para mencionar um dos incontáveis exemplos.
Mescla aberrante, mar paraguayo tem algo de sopa paraguaia. Tal prato não bóia, como poderia-se supor, na água do caldo: é uma espécie sui generis de omelete ou empanada. As ondas desse mar são titubeantes: não se sabe para onde vão, carecem de porto ou Romeiro, tudo bóia, como uma suspensão barroca, entre a prosa e a poesia, entre o devir animal e o devir mulher.
Em toda a extensão do frondoso Mar paraguayo- associável a um poema épico-escolar: “incomensurável, aberto e misterioso a seus pés”, do romântico rio-platense
Esteban Echeverria- a poesia nos espia, pula sobre nosso colo como um cachorrinho- o microscòpio Brinks- ora brincalhão..cabe lembrar, por ejemplo, que em español sin, ao invés de sim”, quer dizer “sem”, com o qual se retira da afirmação a sua exitencia. Algo infinitamente cômico espreita do mesmo modo, na substituição de son (são) por san (santo).
A comicidade desenfreada, não provocada, mas filha “natural” do próprio amálgama lingual, é, ainda, outra marca deste inquietante texto. Experiência de vanguarda, cabe compara-lo, talvez, ao Catatau de Paulo Leminski (significativamente, também paranaense) e, mais além, mais ousadamente, a Larva de Julián Rios: todos eles brincam com a língua, inventando ou reinventando-a. Mas se em Catatau há um fundo de alta cultura, que, a despeito dos desmoronamentos, destruições e reconstruções, impregna o subtexto, no livro de Bueno esse fundo é cômico (um riso patético, desgarrado), é a tragicomédia das misérias cotidianas encarnada nos deslizes dos idiomas, um que de telenovela trágica que caba mal ou não acaba... Claro que tudo dotado de maior densidade, espessa: pode até soar divertido, mas não se trata de nenhum divertimento.

O mérito de Mar Paraguayo reside exatamente nesse trabalho microscópico, molecular, nesse ente-línguas (ou entre-ríos) a cavalo, nessa interminaçao que passa a funcionar como uma espécie de língua menor (diriam Deleuze e Guatari), que mina a impostada majestosidade das línguas maiores, com relação às quais ela vaga, como que sem querer, sem sistema, completamente intempestiva e surpreendente, como a boa poesia, a que não se quer
previsível. E como o kilométrico caochorrinho da marafona guaratubense, que estica num kilométrico diminutivo (tomado, flor da terra, do guarani, cuja salpicada irrupção intensifica a temperatura poética do relato) a microscopia da sua grandeza, nos arrasta e seduz com o movimento da sua cauda bifurcada, como se fosse uma sereia fingindo ser manati, um manati fingindo ser sereia, e no fargulhar de escamas nos afogássemos, no êxtase iridescente deste mar vasto e profundo.
Por último, como ler Mar Paraguayo? Aqueles que tem obsessão pelo argumento (que existe, mas é tão indeciso e emaranhado quanto a matéria porosa que o compõe) e deixam de lado o elemento poético das evoluções e mutações da língua, perdarão o melhor, como esses leitores de romances melosos (mal) traduzidos que se contentam com o resumo mastigado. Mar paraguayo não é um romance para se contar por telefone.

São Paulo, setembro de 1992

Nº2 "Casi lo mismo. Alrededor de la traducción" : Traducir

Traducir es un acto político, pedagógico y poético. No siempre prima una u otra de sus voluntades. Cuando la traducción es política importa la cuestión de los efectos: el arco que dibujará lo traducido sobre la superficie del agua en la que cae. Si la anima la voluntad pedagógica traducir será pasar a otro modo de la lengua, no sólo de un idioma a otro: también de un régimen discursivo a otro, inscripto en las dinámicas de la educación y sus niveles. Lo poético es su pulsión interna y permanente, aunque quede, a veces, postergada. Porque es la tensión sobre sus minucias, sobre sus ritmos, lo que anima la atención a lo preciso. Es decir, lo que nos recuerda la extranjería en la operación poética y nos separa de la inmersión natural en un idioma. Hay quienes imaginan un mundo de pura comunicabilidad, que permitiría suprimir las incomodidades de la traducción. La utopía del esperanto, en cierto sentido, era la de un mundo interconectado por una lingua franca. Algo libertario había en ese supuesto como en el de toda utopía internacionalista, capaz de pensar las fronteras o las identidades menos como necesarias delimitaciones de la existencia de las comunidades humanas que como rémoras y trabas que obstaculizarían el reconocimiento de la semejanza de los hombres. Pero como suele ocurrir en la historia y sus tragedias, la lengua franca siempre fue un triunfo del mercado más que de los utopistas. La fuerza expansiva de la mercancía genera las condiciones para su decodificación general.
En el mismo año que Colón llegaba a las costas americanas, Nebrija escribió su Gramática de la lengua castellana. Con una declaración sustancial: la lengua es cuestión del imperio. No había tal sin unificación lingüística y de allí la necesidad de registrar su lógica y sus reglas para que cada fragmento de los territorios ocupados no procree una variante dialectal o un creole. La gramática: instrumento de unificación y de instrucción del colonizado. Destinada, a la vez, a preservar la lengua de la contaminación y extenderla como fuerza imperial. Traducir es, visto así, decodificar en términos de imperio: comprender la lengua de las poblaciones sujetadas para volver factible la dominación, hacer comprensible el nuevo idioma del mando. En América del Sur, contradictorias políticas lingüísticas coexistieron. Entre ellas, las de los jesuitas, abocados a conocer los idiomas indígenas y a sistematizar su conocimiento en diccionarios. Fueron autores de los primeros a la vez que importadores de las imprentas que los plasmarían en papel. En la década de 1760 fueron expulsados de América y coincidió el desalojo con la afirmación de una muy distinta estrategia idiomática: la real cédula de Aranjuez prohibió en todo el territorio el uso oficial de las lenguas aborígenes. Así la traducción comenzaba a regir como obligatoria homogeneización. Peticionar, declarar, reclamar, informar: sólo en las lenguas coloniales.
El imperio: modo de la universalización, lisura recién adquirida, arrojada sobre territorios previamente heterogéneos. La gramática, el evangelio y, como supo señalar Ángel Rama, un tipo de racionalidad que plasmada en todas las instancias –desde la grilla urbana hasta la hechura de la ley- fundaría el orden colonial. Al mismo tiempo, traducir implica otro tipo de reducción de lo heterogéneo: la incorporación de lo otro a una zona que lo deglute y lo reinterpreta. Mijail Bajtin veía en esos términos la disputa por la hegemonía que implicaba la traducción. No el acto de desplazar borrar, el que hace tabula rasa con los objetos culturales anteriores, sino el de incorporar en otras tramas, diluida su radical diferenciación. Se podría ver en este sentido la
política jesuítica de fijar el tupí-guaraní como lengua general de las colonias portuguesa: “Y no sólo de intercomunicación moral, sino también comercial y material. Lengua que sería, a despecho de su artificialidad, una de las bases más sólidas de la unidad del Brasil. Desde luego, por la presión del formidable imperialismo religioso del misionero jesuítico, por su tendencia a uniformar y modelar los valores morales y materiales.” La alianza entre los sacerdotes y los columines –los niños indígenas- habría forjado esa lengua capaz de comunicar y a la vez de disolver, de unir y diluir. Un tipo de olvido sobre la cultura anterior. Rafael Spregelbund, defensor del esperanto, lo considera una lengua franca que intenta respetar la heterogeneidad sin conjurarla: sencilla y artificial, tendría sólo efectos comunicacionales y no pretendería suprimir las facultades expresivas de cada idioma. Entonces, en lugar de que las comunidades de hablantes subalternizados deban usar la lengua colonial –como ocurre en el vasto territorio de lo que fue la URSS o en zonas densamente pobladas por hablantes indígenas-, el esperanto permitiría la mutua comprensión sin allanarse a los presuntos derechos de la cultura dominante. Contra la homogeneización imperial, la utopía de la comunicación general y sin jerarquías.
Gilberto Freyre, crítico amable de la experiencia colonial –más bien: lo suyo es el fatalismo del que da cuenta de algo ya transcurrido y cuyo resultado, la nación que lleva el nombre de Brasil, es un hecho festivo, no una tragedia a lamentar ni una catástrofe a denunciar- piensa la alianza jesuita/niño indio como antecedente de otra lengua: la del portugués brasileño. Creado al interior y como distancia del idioma colonial, sería rehecho en la boca de las esclavas negras, en el juego con los chicos de la casa grande a los que cuidaban y en la alianza con las jóvenes mujeres blancas de la hacienda. En uno y otro movimiento de unificación, el antropólogo encuentra la mediación infantil, no el balbuceo si no el juego, la disposición al conocimiento de lo otro, cierta docilidad a lo que surge sin tener deudas con una tradición heredada. Al decir de Nietzsche, el puro decir sí es la condición del niño: afirmación lúdica, desconocimiento o apenas atisbo de la norma. Traducir, en Freyre, es fundar una diferencia. Deglutir también es diferir. O eso pensaban sus compatriotas, los escritores y artistas antropófagos. El acto caníbal es un modo de la traducción. Pero ahí ya estamos por la inversión: si el primer movimiento era el traducir colonial, el que fundaba imperio y gramática, en las tesis de Freyre o de Andrade estamos en el modo independentista de la traducción. O el quehacer propio y disidente con las lenguas coloniales.
Discutir eso fue, también, un problema de traducciones. Boleslao Lewin siguió una en particular: la que hacían los lectores de Jean Jacques Rousseau de sus tesis filosóficas en la coyuntura de las luchas emancipatorias. Porque si un Simón Rodríguez hacía gala del inventar o errar no se había privado de considerar su propia situación de tutor de Bolívar a partir de las lecturas de escritor francés. Y en la otra punta del continente, Mariano Moreno hizo traducir -¿o tradujo él mismo?- el Contrato social. Sin descuidar las contradicciones, a la vez que lo consideraba un texto fundamental para las nuevas libertades, mandó a expurgar el capítulo dedicado a la religión, viéndolo como exceso o desborde. (Y ahí cómo no ver las oscilaciones de este hombre, capaz de llamar a la supresión de los honores en nombre de la desconfianza a la capacidad de raciocinio de las masas, es decir, producir una intervención en el sentido de la igualdad con argumentos que parten de la desigualdad de las inteligencias).Traducir Rousseau y, a la vez, corregirlo, en los
tramos iniciales de fundación de un orden político independiente. El libro estaba destinado a formar ciudadanos en las recientes escuelas de la república. Los colegios fundados en Buenos Aires fueron cuatro y los ejemplares del Contrato editados se contaban por miles. Sólo que en febrero de 1811 el voluntarioso secretario de la junta moría en altamar y la facción saavedrista, triunfante, retiraba de circulación los volúmenes. Con lo cual los educandos del ex virreinato del Río de la Plata se quedarían sin su Rousseau.
El episodio es significativo: la confianza en el libro, la idea de que el proceso de separación de España exigía el diálogo y la apropiación de otras ideas europeas. Ir hacia Europa para descubrir una América no hispánica, no colonial, no subordinada. Ir hacia el francés para dar cuenta de otro modo del castellano. Rousseau sería el fantasma de esos viajes, su corazón libertario y, a veces, hasta secreto. Medio siglo después Lucio V. Mansilla lo leía clandestino –y en francés- escapando de los trabajos en el saladero y Juan Bautista Alberdi a escondidas bajo el pupitre escolar en una tediosa clase de latín. Doble vía de la anécdota: si uno escapaba del gobierno de las vacas, el otro de la cultura humanística no aggiornada, y ambos peregrinaban a la misma fuente: el tentador de emancipaciones. No se ocuparon de traducirlo, cómodos con la lengua de origen en la que lo bebían. También, sospechando que los destinados a leerlo podían hacerlo en francés. Porque la discusión sobre la lengua, que el montoneril Sarmiento venía dando desde mediados del siglo XIX, en Alberdi parecía resolverse por el afrancesamiento que daba el contacto entre ilustrados. De hecho, no hay traducciones relevantes del francés en aquel fin de siglo y Bartolomé Mitre prefiere despuntar el vicio llevando al español La divina comedia.
¿Para qué se traduce? ¿Qué? El Oriente sólo aparecía como narración de viajes. En cierto modo, se trataba de una traducción. Lo exótico de las costumbres y la vida social puesto al alcance del lector local, del consumidor de rarezas, que vería en esos relatos no tanto la tentación del viaje como la imagen que completa el álbum. Los Viajes de Sarmiento, sus travesías por Argel, como los de Mansilla por Orán o los de Wilde por Oriente o los de Cané por los ríos colombianos son el reverso del viaje importador: no se trata de traducir para copiar o imitar, como se importan mejoras para las razas vacunas, si no que se muestra lo extraño como extravagancia, radical diferencia, distracción. Las exposiciones universales convertirían en síntesis catalogable esos exotismos. Pero si usamos con más precisión la idea de traducción y no es sólo nombre del trato de la diferencia cultural, hay un hecho que será definitorio. A fines del siglo XIX, Juan B. Justo, fundador del Partido socialista en Argentina, se empeña en la traducción del primer tomo de El capital de Karl Marx.
Pedro Scaron narra esa historia que lo tuvo como estación fundamental. Cuenta que los primeros intentos de traducir la contribución a la crítica de la economía política habían comenzado en 1886. En 1898, Justo lo consigue, usando un ejemplar de la biblioteca del Club Vorwärtz, centro de las reuniones izquierdistas del momento, fundado por los obreros de origen alemán. Nunca traducido al español, sí lo había sido al francés, supervisado por el propio Marx: “La versión francesa, publicada en entregas de 1872 a 1875. En parte se trata nada más que de una traducción (y en muchos lugares de una muy pobre traducción, desparejamente revisada por Marx) de la segunda edición alemana.” Esa pobreza, piensa Scaron, se debe a los prejuicios que Marx tenía respecto de sus posibles lectores galos: “Para mal porque Marx, que solía estimar a los franceses como
revolucionarios prácticos pero no como teóricos, simplificó –por momentos adocenó- muchos de los pasajes más complejos y profundos del original.”
Doble traslación, entonces: de un idioma a otro y de un tipo de enunciación conceptual a otro, presuntamente más sencillo. El escritor opera su propia pedagogización o lo que supone funcionará de ese modo a la hora de imaginar al lector extranjero. Parece, o leo en Scaron, que Justo hizo una buena traducción conceptual, menos prejuiciosa que la del autor, sin destrezas literarias. Las mesas que bailan o las mercancías devenidas fetiches no serían presa fácil para su captura lingüística. No era ésa, de cualquier modo, la mayor preocupación de Justo. Era intervenir en el campo de la traducción política: abonar el terreno de las luchas sociales latinoamericanas con la obra de Marx. Traducir al castellano El capital y fundar un partido son movimientos complementarios. Que serían profusamente discutidos por otros intelectuales y militantes de las izquierdas latinoamericanas.
Más de medio siglo después, Pancho Aricó, desde la aventura editorial y política que llamó Pasado y presente, propondría otro momento y nombre para la fundación del marxismo latinoamericano: no el todavía europeísta de Justo, encandilado con los destellos del liberalismo, si no el más autóctono de José Carlos Mariátegui, que si bien no pretendió traducir ninguna obra literaria sí se empeñó en la arriesgada empresa de crear un tipo de marxismo que surgiera de las condiciones singulares de América Latina. O más bien: eligió una palabra para traducir y darle otro significado pero esa palabra era una esquirla lingüística del mundo quechua. Amauta, como llamó a su revista, anidó el viejo significado de sabio y el nuevo, otorgado por el escritor, de sitio de las vanguardias. En él la traducción es desvío, inconsecuencia respecto a la letra, para rehacer el gesto fundamental de apelar al espíritu original. Henri Meschonic, en prodigiosas intervenciones sobre la traducción, piensa que el dilema no pasa, como tantas veces se discutió, por la oposición entre el respeto al original o el cuidado de la lengua de llegada sino en la consideración del efecto: que ocurra en la lengua de llegada la misma afectación que la obra produjo en la de origen. Los traductores del marxismo –desde el traductor de El capital hasta el fundador peruano del socialismo latinoamericano- intentarían reproducir en sus sociedades, en sus tramas vitales e intelectuales, y en sus voluntades políticas, la misma potencia que tuvo sobre las sociedades europeas, fuerza expansiva de las ideas revolucionarias, umbral y acontecimiento para tramar un mundo nuevo.
Marx carecía de entusiasmos por América Latina. Cuando escribió sobre la región vio en Bolívar sólo una copia desvaída del denostado bonapartismo. Había conocido a Flora Tristán, sin apreciarla plenamente –él y Engels veían a la feminista como parte de las huestes de un socialismo romántico destinado a ser superado por las fuerzas de la historia-, y ella siendo niña había tratado a Bolívar y a su tutor, el otro Simón. No bastó el azar de los encuentros para generar escenas de traducción o por lo menos de modos dialógicos de tratar las realidades teóricas y políticas. Hace pocos años, Susan Buck Morss publicó un libro sorprendente: Hegel y Haití. Narra una traducción: de un hecho político –la revolución de los esclavos haitianos- en un concepto filosófico –la dialéctica del amo y el esclavo-. Con un traductor tramposo, que sobre el acontecimiento original arroja el pase mágico, para dejar a sus hacedores como parte de los pueblos sin historia.
¿Cómo reponer esa historicidad?, será una de la preguntas que rondan las traducciones latinoamericanas de El capital. En 1975, Pedro Scaron publica la propia, en la editorial Siglo XXI. Lo hace considerando al libro un enorme palimpsesto: hecho de capas y capas de intervenciones, correcciones, desplazamientos, traducciones. A su alrededor, trabajó un equipo de intelectuales con vocación política -Diana Castro, Miguel Murmis, León Manes y José María Aricó-, que leyeron en alemán, francés, cotejaron las ediciones, confrontaron su propia interpretación con las existentes. Ese esfuerzo no estaba desligado del intento mayor de Aricó de producir un Marx capaz de interpelar los movimientos sociales y las fuerzas insurreccionales de la región. Martín Cortés piensa toda la labor de Aricó en relación a la idea del traductor: no sólo de los textos fundadores sino de aquellos que constituirían un linaje, una tradición posible. Fundamentalmente: los escritos de Antonio Gramsci que tradujo el propio Aricó. O la difusión de algunos artículos de Mariátegui y controversias alrededor de su figura.
El acto de traducción, allí, es equivalente al impulso de la revolución de Mayo frente a Rousseau. Difiere en un punto central: supone no sólo la controversia con respecto a las fuerzas de la reacción –como lo hacían los independentistas del diez- si no la polémica en el campo del marxismo. Cada traducción de Aricó –hecha por él, impulsada, acompañada- o cada edición suponía el gesto conflictivo de delimitar un tipo de marxismo controversial frente a los que venía diseñando, con el poder del Estado y la revolución, la experiencia soviética y los partidos que hacían eco de sus estrategias: “La exhumación de ciertas obras fundamentales de Marx permitía, por tanto, contribuir a definir mejor el terreno de confrontación de los diversos marxismos.” Así como parte de las intervenciones de Mariátegui son actos de diferencia respecto de la internacional socialista, el cordobés expulsado del Partido comunista dedicará sus entusiasmos a dejar sentados y hacer circular los motivos teóricos y políticos de esas distancias. Si el Partido Comunista, desde su editorial Cartago, se limitaba a introducir variaciones sobre la traducción de Wenceslao Roces, el grupo de Pasado y presente emprendería la más ambiciosa aventura filológica y genetista para pensar, luego, el traslado de un idioma a otro. La letra de Marx es lo que importa, en la fidelidad hacia ella se busca la precisión política y la fuerza para incidir en el presente.
Los argumentos se tornan correcciones: se trata de juzgar los errores anteriores, los modos en que la palabra de Marx fue incomprendida. Raúl Burgos, historiador de lo realizado por Pasado y presente, recupera la idea de “superar los defectos de las traducciones vinculadas al mundo comunista, a través de las cuales se habría adulterado en puntos fundamentales el pensamiento de Marx.” Adulteración, traducciones defectuosas, manipulaciones. Dijimos: el Contrato social de la revolución de mayo tiene un capítulo menos que el original. ¿Importa la precisión –que llevaría a la idea de defecto- o lo que es relevante, en estos casos, es la política que los textos incitan?
Algunos traductores piensan su oficio con metáforas intensas. Alan Pauls ha dicho: esclavitud. Mariana Dimópulos: todo es pérdida de tiempo cuando no estás traduciendo. Pienso en esas imágenes cuando trato de entender lo que hizo Scaron. La responsabilidad que el traductor puede sentir respecto de sus decisiones: una palabra mal comprendida, erróneamente interpretada o trasladada, puede entorpecer el despliegue político. No sólo. Porque esa preocupación asedia
también al que tiene que traducir una obra teórica o literaria, la preocupación por lo preciso y lo minucioso. Si El capital tiene sus bemoles, qué decir de la obra de Lacan: ¿dependerá un análisis efectivo de los términos traducidos? ¿Forclusión o perclusión? Y la triple frontera, como señala Irene Agoff: traducir a Lacan implica leer a un francés que traduce a un alemán y en la relación entre los tres idiomas se juega la interpretación de Freud. Frente a la desmesura que como fantasma se le presenta al traductor está el elogio del desvío: la traducción errónea, incompleta, como creación. Ricardo Piglia vió en esos equívocos la fuerza originaria del Facundo: en esas citas en francés mal atribuidas y peor interpretadas, un modo del ensayo que presentía más la imposibilidad de la copia que lo que se atrevía a declarar. O que declaraba fidelidades imitativas allí donde estaba condenado a fundarse a distancia, barbarizarse, para poder decir algo sobre la Argentina.
¿Hay mejor traducción de Dostoievsky que aquella de Los endemoniados, españolísima y dudosa, que leyó Arlt y lo inspiró a escribir Los siete locos? De otro modo, ¿hay mejor traducción de Los demonios que Los siete locos/Los lanzallamas? Es claro que no le llamaríamos traducción al surgimiento de esa otra obra, pero algo de la operación de traslación está presente. Mostraría, para usar un ejemplo canónico, que el mismo argumento, escrito en otro país y en otra época, daría un resultado totalmente nuevo. Del mismo modo, Marx leído por Mariátegui no podría ser el que hacían rodar por todo territorio los exégetas soviéticos. Traducir como modo de crear en el desvío. No importa, para el escritor Arlt, si es precisa la lengua a la que es traducido el ruso. Lo relevante es el modo en que se inscribe en su propia sonoridad, en su escucha rioplatense y en su voz aporteñada.
La historia es conocida: Witold Gombrowicz quedó varado en la Argentina, a causa de la guerra europea, durante más de una década. En ese tiempo paseó por Retiro, se burló de las elites literarias locales, conoció a los Santucho, entre ellos el que más tarde fundaría una guerrilla, escribió un diario, una novela desopilante a la que llamó Trasatlántico y tradujo, junto con algunos amigos hispanohablantes –el cubano Virgilio Piñeira y varios argentinos-, su Ferdydurke. Se juntaban en un bar y discutían las palabras adecuadas. Participaban mozos y habitués. La obra que resultó es una bien distinta a la que surgiría de una traducción profesional de la novela. Dos Ferdydurke habría: una de ellas escrita en polaco, la otra creada, nuevamente, en Argentina, con el auxilio de otros interlocutores. Si interesa tanto esta historia, es porque extrema uno de los aspectos de la traducción, el de inventar más que trasladar. Al mismo tiempo, revela que inventar no es creación ex nihilo, por lo menos en la vida literaria, en la que se trama sobre una memoria existente, la materializada en la lengua, sobre un pasado que se vuelve activo y es condición necesaria. Lo que supo Borges y forjó, con el preciso instrumento que cincela una matriz, en su Pierre Menard.
Cuando Piglia piensa esas situaciones lo hace con la idea de las lenguas periféricas y centrales, o la deleuziana inflexión respecto de las lenguas menores. Así, del polaco al argentino habría una equivalencia, que sólo afirmaría la extranjería de la enunciación literaria. Literatura hay cuando lo extranjero emerge como uso de la lengua, que rompe así sus modos dominantes, sus tonalidades. De allí, la extrañeza feliz pero de este modo explicable de la traducción del Ulyses de Joyce en
Argentina. Cuentan que Santiago Rueda, el editor, buscaba insistente un traductor y ningún gaucho aceptaba el desafío. Charlando en una empresa de seguros comenta la situación –tener los derechos de un libro intuido como fundamental y no encontrar traductor que se le anime- y su interlocutor le recomienda a un empleado que maneja el inglés. Se trataba de José Salas Subirat, autodidacta, inventor de sí mismo, al que una imagina con la potencia arrolladora de un Sarmiento, cuando compraba un diccionario, una gramática, y empezaba, con esos auxilios, a tratar de leer y comprender los libros escritos en lenguas desconocidas. Salas Subirat se anima y lo que resulta es una traducción aún respetada y disfrutada por los lectores.
¿Qué es conocer una lengua? Quizás sólo hubo en él esa bifurcación afortunada: encontrarse con ese libro que inscribiría su nombre entre los más rutilantes de la historia de la traducción en América Latina. Quizás frente a otro texto no hubiera lucido sus destrezas ni el tamaño de su osadía, nadie deviene héroe si la empresa acometida, aunque lograda, es de razonable escala. El lector Arlt, el escritor Gombrowicz, el traductor Salas Subirat, configuran lo otro de la tradición borgiana. Y si por momentos remiten al desvío sarmientino, el ademán fundamental es menos la construcción de una épica literaria con la pretensión de constituirse en una razón de Estado –como está presente aún en los momentos más díscolos del sanjuanino, que trata de no perder de vista la disputa por el poder y por la fundación de instituciones-, menos eso, digo, que la consideración irrisoria, jocosa, desdeñosa o crítica, de esas aspiraciones. El desvío, la incorrección o la adulteración al servicio de la confabulación. Roza lo político sin aspiraciones de afectarlo. Si los escritores de Pasado y presente buscaban una letra no adulterada, en estos procederes literarios la adulteración reina, es parte del juego ficcional o del tratamiento de la lengua. Burgos cuenta algo que enlaza estas distintas conspiraciones o las hace resonar mutuamente. Los intelectuales cordobeses habían impulsado distintas editoriales para difundir su interpretación del marxismo –la letra necesaria- y para financiarlas crearon una editorial paralela, a la que llamaron Garfio porque se eximían de pagar derechos de autor, en la que publicaban textos como Filosofía en el tocador del osado marques. Sade y Marx. Traducir es también poner en vínculo mundos diversos, distantes. El dinero que pasa de una a otra editorial parece pasar de la ficción a la realidad, o de la ficción literaria al mundo en el que las ficciones se quieren realidades políticas. Martín Cortés, ya lo mencionamos, pensó todo el trabajo de Aricó alrededor de esa cuestión: los pasajes de algo a otra cosa, de la letra a la acción, del italiano al argentino, del concepto a la práctica.
El prólogo de Scaron al primer tomo de El capital es un escrito precioso sobre la adulteración, el error, el trabajo interpretativo que supone la traducción. Confronta sus decisiones a las de Wenceslao Roces, autor de la más difundida y editada por Fondo de Cultura económica en los años 40. Leí varias veces ese estudio, absorta ante la idea de la relevancia inusitada de la palabra precisa. Es claro, se dirá, en todo texto filosófico o en la nominación política. Por eso, en el fondo de la traducción está la pregunta de la poética, el supuesto de que sólo una palabra tiene derecho a decirse, que no será otra, que en su singularidad encierra la verdad de la expresión. Quizás el traductor tenga que estar más locamente enamorado de la lengua que el gramático, el lingüista, el poeta. Porque lo suyo es sopesar un idioma en contraste con otro, sufrir sus faltas de equivalencia,
sus zonas grises. Lo de Scaron –o la empresa en la que se inscribe eso, que es la que va tejiendo a su alrededor Aricó- es raro en un sentido: la traducción política cifra su pertinencia o futuro en la precisión de la lengua. Dos décadas después un militante zapatista diría, en el mismo territorio en el que se habían publicado una y otra traducción de El capital, que el quehacer de ese movimiento insurgente era el del lenguaje; que la pregunta que los asediaba, cada día, era la de si las palabras dichas eran las adecuadas. No siempre fue explícita o valorada la dimensión nominativa de la política.
En la literatura sí esa cuestión toma el centro. Por eso las traducciones afortunadas pasan a la historia. Patricia Wilson hizo la historia de un grupo central en su operación traductora en la cultura argentina: el que se nucleaba alrededor de la revista Sur. Contra un mercado hegemonizado por Tor –y leamos en ese nombre una experiencia mercantil, que veía en los textos mero relleno para sus llamativas tapas-, Sur habría incorporado el cuidado de las traducciones: la idea de que esa operación no es transparente, que no hay mero traslado y que las decisiones estéticas deben ser atribuidas a quienes las toman. A los viajes importadores de la Ocampo y a su capacidad de crear interlocuciones bien diversas se le deben algunas traducciones emblemáticas: la primera de escritos de Walter Benjamin al castellano –hecha por Héctor J. Murena-, la que José Bianco hizo de Otra vuelta de tuerca de Henry James. Si no pudo conseguir que Sergei Eiseinstein filmara una película sobre la pampa –por falta de fondos suficientes y no por desentusiasmo del cineasta soviético-, si podría festejar que de su editorial salió el título definitivo por el cual se conoce esa obra de James. Bianco podía elegir, dice Wilson, otras opciones para Turn of the screew, como la vuelta del tornillo. La ambigüedad que logra inscribir en Otra vuelta de tuerca y a la vez el modo en que la expresión se trama con el mundo idiomático rioplatense, hacen impensable que al relato pudiera corresponder otro título.
En los orígenes de la revista Sur estuvo el fantaseo americanista de Waldo Frank. El comunista norteamericano imaginó una revista dirigida por Victoria, Samuel Glusberg –fundador de La vida literaria y de la editorial Babel- y José Carlos Mariátegui. No fue posible, por distintas razones. Las diferencias entre los proyectos culturales y políticos vinculados a esos nombres, eran tan ostensibles que no debemos repetirlas. Pero algunas coincidencias, sí, que quizás tentaron a Frank. Amauta también había tenido su costado traductor: en el primer número, al lado del Valcárcel indigenista se publica “Introducción al psicoanálisis” de Sigmund Freud. Año: 1926. Glusberg, empeñoso editor de autores argentinos, homenajeaba en su seudónimo a Heine y a Spinoza. Mariátegui diría, en el prólogo de sus Siete ensayos de interpretación de la realidad peruana, que no hay salvación para Indoamérica sin el pensamiento y la ciencia occidentales. Ocampo no remitiría a lo indígena pero sí a la idea de una América a fundar en ese diálogo con mucho de autonomía con Europa.
Cierta idea de modernización recorre esas experiencias culturales, como suele aparecer en varias imágenes de la traducción. Traducir es incorporar lo desconocido para una cultura local, lo inventado en otra: y si eso es evidente en las disciplinas científicas y las retóricas teóricas, no por inadvertida es irrelevante la incidencia de las traducciones en los estados o tendencias de las literaturas nacionales. Si los escritores no surgen sólo de las elites, si ya no son los diestros lectores
en otras lenguas, y dependen de la destreza de traductores y de la decisión editorial, si eso ocurre, entonces la lengua que manejan también está hecha por quienes traducen y las poéticas que encuentran a su disposición, que estimulan su imaginación o su campo de posibles, se vinculan a los oficios y realizaciones de la traducción.
Un efecto inverso sería el que el traductor opera sobre la lengua de origen. Más extraordinario, no por eso totalmente ausente. Benjamín de Garay agitó y sustentó una vía de traducciones más raras en la cultura argentina: la del portugués. Por cercanía –los hispanohablantes solemos dar por hecho que entendemos algo del portugués y que los brasileños, habitantes de una isla lingüística en la América del sur, deben hacer el esfuerzo de ser comprendidos y comprender- y por esas vecindades que hacen suponer que tan bueno no será lo que surja de la proximidad, frente a las galas que de por sí arrastran las literaturas norteamericanas, europeas o rusas, es menguado el territorio de las traducciones. Hasta los últimos años, en los que las políticas culturales de Brasil, distintos tipos de financiamiento, y la dispuesta consideración de las editoriales argentinas no trasnacionalizadas, generaron un interesante mundo de escritos brasileños circulando en castellano. El antecedente era uno y fundamental: el Ministerio de Instrucción Pública, en la década de 1930 –narra Gustavo Sorá- impulsa una colección de libros de literatura brasileña. Se encarga del pasaje de lenguas Benjamín de Garay, cuyas traducciones de algunos clásicos, como Os sertoes, siguen siendo reeditadas. Él se encargó de Casa grande y senzala de Freyre, del libro de Da Cunha que recién mencioné, de Urupés de José Monteiro Lobato. En correspondencia con Graciliano Ramos, el traductor le sugirió la escritura de relatos o novela nordestinos, capaces de dar cuenta, en el terreno de la ficción, de la vida en los áridos territorios. Ramos le escribe: “Fiz, como lhe prometi, umas histórias do Nordeste, com bichos e matutos: tentei mostrar o que se passa no interior desses animais.”El resultado sería un libro clásico: Vidas secas. Narración ineludible de las desdichas climáticas y sociales, fue llevada al cine y cantada. La historia puede no ser cierta, una vez más, pero interesa como miniatura ficcional.
Medallones, dijes, miniaturas. Anécdotas de la traducción. A veces narradas con nostalgia: son las bifurcaciones afortunadas, los momentos en que algo redundó en acontecimiento, en que la larga acumulación de saberes, oficios, el cotidiano proceder que se va forjando, destila en otra cosa. En un título inolvidable, en un libro nuevo, en la traslación de aquella obra que muchos declaraban imposible, en la realización de una empresa colectiva que pretendía corregir el destino de los oprimidos del mundo. Con nostalgia, porque en un mundo en el que las lógicas editoriales dominantes esquivan la pregunta por la lengua, la consideración por esa materia díscola y sutil, en nombre de una forma alisada del idioma, esos acontecimientos parecen cada vez más cuestión de fábula. ¿Cuántas veces un Gombrowicz quedará varado en un bar de Buenos Aires tratando de encontrar las palabras en español para decir su novela? ¿Cuántas más un Aricó pensará que traducir a Gramsci es necesario para torcer la derrota? Ninguna más, porque ya hubo una. De eso se tratan los acontecimientos. Cada uno funda y América Latina se va reinventando en cada fundación. En cada acto caníbal o de respeto, en cada juego paródico o cultual, en cada apropiación de un botín ajeno o deglución para volverlo propio. En cada traducción con la que intenta rodear su propia incógnita.

Nº2 "Casi lo mismo. Alrededor de la traducción" : Fassio: Las máquinas de leer laberintos

En los años 40 el matemático inglés A.M. Turing imaginó una computadora cuyo utilaje se limitaba a un lápiz y un block de papel. En los 50 el patafísico argentino J. E. Fassio ideó una máquina para leer las dificultosas Nuevas Impresiones de África de Raymond Roussel. La invención de Turing parece remitir a la vieja querella de los calculistas que en el siglo X discutían sobre las bondades del ábaco y de las cifras escritas sobre pergamino. La de Fassio, a su vez, a las máquinas que proponían ingenuas formas de simplificación de las rutinas manuales. A esta altura ambos artificios son apenas inteligentes e incitantes ancestros de los prodigios de la ingeniería informática, si no se trata de ironías sutiles. Cibernética, patafísica y literatura —como lo demostraron las experiencias del OULIPO de Raymond Queneau— parecen convivir a través de complejos atajos imaginarios.

En noviembre de 1957, al cumplirse medio siglo de la muerte de Alfred Jarry (1873-1907), la editorial porteña Minotauro lanzó al mercado la primera versión castellana de Ubú Rey, uno de los textos capitales de la patafísica y una obra en cierta medida excepcional en un catálogo especializado en clásicos de la ciencia ficción, como Sturgeon, Bradbury, Stapledon, etc.
Muchos memoriosos recordarán que la idea de una paradójica "ciencia" de lo particular y de las soluciones imaginarias (a la que su inventor denominó, justamente, patafísica) fue propuesta por Jarry en diversos fragmentos de su ciclo teatral sobre Ubú y en uno de los capítulos de Gestas y opiniones del doctor Faustroll, que constituyen el núcleo fundante de su sistema de humoradas filosófico-literarias. Estos textos lo convierten en un auténtico precursor del arte y la poesía contemporáneos (desde el surrealismo hasta el teatro del absurdo), en obligado punto de referencia, por su vida y por su obra, para los cultores más refinados del humor negro, a la vez que en un "anticipador" de cierta zona crítica y todavía marginal del pensamiento moderno, con obras que como Ubú Rey, Ubú Cornudo y Ubú Encadenado constituyen una punzante intuición sobre estos tiempos de tontería, brutalidad e hipocresía.
Uno de los traductores de aquella temprana versión ubuesca (junto con Enrique Alonso) era ese inventor, imaginero, ensayista, dibujante, traductor, compilador, patafísico, bibliófilo y pensador heterodoxo que se llamó Juan Esteban Fassio (1924-1980), autor a su vez del estudio preliminar y de las notas que enriquecerían la hoy inhallable edición de Minotauro, reemplazada corrientemente por la traducción española de José-Benito Alique.

Qué es la patafísica

Fassio puede ser descripto como uno de los mayores y más sutiles conocedores y divulgadores del arte y la literatura de vanguardia, de la que llegó a poseer una de las bibliotecas mejor provistas de la Argentina (junto con las de Elías Piterbarg y Enrique Pichon-Riviére), con piezas auténticamente curiosas y fundamentales.
Vinculado desde temprano con diversos movimientos artísticos de vanguardia, entre ellos el grupo madí en su doble vertiente argentina y uruguaya, fue un activo colaborador de revistas pioneras del espíritu moderno, como Letra y línea, y de revistas de filiación surrealista, como A partir de cero, en cuyas páginas aparecieron algunos de sus provocativos collages fotográficos, en nada inferiores a los imaginados por el talento de Max Ernst.
Fue en la primera de las nombradas, precisamente, donde publicó el que cabe considerar como primer trabajo local de divulgación sobre Alfred Jarry y el Colegio de Patafísica, institución dedicada a la exégesis y hermenéutica patafísica de la que Fassio llegó a ser —según su curiosa nomenclatura organizativa— algo así como Proveedor Propagador en la Mesembrinesia Americana, Administrador Antártico y Gran Competente OGG, además de encargado de la Regencia y Cátedra de Trabajos Prácticos Rousselianos.
En ese texto primigenio el autor definía en estos términos la esencia de la patafísica y la naturaleza de sus relaciones con lo humorístico: "A través de los textos en que se manifiesta, esta ciencia aparece como un modo de apreciación de los fenómenos naturales y humanos basado fundamentalmente en el análisis de la irracionalidad concreta de tales fenómenos y practicado a la luz del humor crítico y del azar... El razonamiento patafísico descubre que todo fenómeno es individual, defectuoso... Re-sumiendo, la patafísica es la fenomenología del monstruo".

Imaginería de la inutilidad

En una época y en un medio en los que abundaban la solemnidad, la represión psicológica, el tartufismo y el culto a la pura utilidad, puede decirse que la obra heterodoxa, desmitificadora y exaltadora de la imaginación, el humor y la libertad que emprendió Fassio en forma casi secreta, cubrió una necesidad generalmente sentida. Esta fue igual a la que llenaron, en su momento y a su modo, pensadores y artistas marginales como Macedonio Fernández, Oliverio Girondo y Xul Solar, aunque Fassio tuvo el handicap de no escribir En la Masmédula o de no contar con un jefe de relaciones públicas como Borges.
Parte de ese espíritu, que apelaba por sobre todas las cosas al humor, a la sorpresa y a la creatividad, y que se solazaba empeñosa y minuciosamente con la investigación de las zonas más inquietantes y atípicas de la sensibilidad y el conocimiento humanos, es la que preside sus múltiples "imaginerías" e "inventos", encuadrados en una línea muy similar (por su crítica implícita a la actividad artística, su síntesis entre emoción y conocimiento, y su integración del sentido problemático de la existencia) a la que caracterizaba a los objetos y a las máquinas inútiles e irónicas de Man Ray, Francis Picabia y Marcel Duchamp, conmovedoras y líricas a partir de su propia inutilidad en el seno de un universo acosado por la eficiencia y el lucro. La patafísica, desde luego, había prestado atención al tema de las máquinas en general, y este interés, compartido de modo sesgado por Fassio, se traduce en el breve catálogo exegético e incitativo que propone en su artículo "Alfredo Jarry y el Colegio de Patafísica", aparecido en julio de 1954 en el número 4 de Letra y línea. Allí alude a la máquina del norteamericano Lawrence Walstrom, con sus 700 piezas que marchan a la perfección sin cumplir ninguna función productiva definida, una hipotética máquina de calcular que se descompone cuando se la pone en marcha, la "máquina de pintar” del doctor Faustroll, la "máquina amatoria" de Le Surmale de Jarry, y la célebre "máquina de descerebrar", instrumento de gobierno de Ubú que parece haber cundido más allá de lo razonable en el imaginario político de ciertos mandatarios.
En uno de los capítulos de La vuelta al día en ochenta mundos (cfr. "De otra máquina célibe"), Cortázar proporciona una minuciosa descripción de la "Ravuel-o-matic", o máquina diseñada por Fassio para la confortable v adecuada lectura del laberinto patabrowniano que propone Rayuela, con sus múltiples zonas de fuga. Ese artificio es posterior, sin embargo, a otro menos notorio pero de elaboración más compleja y significación mucho más profunda y sugestiva, desde el punto de vista de la
comprensión de los mecanismos conceptuales de la lectura y de la producción textual: la máquina para leer las Nuevas Impresiones de África, de Raymond Roussel.

Máquinas y laberintos

La lectura de las Nuevas Impresiones de Roussel, con la peculiar estructura arborescente diseñada por el autor, supone dos dificultades básicas. La primera reside en el no desdeñable esfuerzo físico que demanda volver las páginas hacia adelante y atrás, para no perderse en el laberinto digresivo de la construcción; la segunda, previsiblemente, es la "entropía de lectura" que ocasiona ese mismo laberinto, colocando al lector prácticamente al borde del olvido total o parcial del hilo conductor principal.
Fassio —sin el auxilio de las computadoras, en una época que ignoraba todavía la liviana y versátil eficacia de los microprocesadores— abordó la dificultad y la resolvió de manera elaborada y suficiente, en una línea más cercana al espíritu de la aparatología del siglo XVII (la de Kircher, Graevius y Johannes Wilkins) que a los recursos procesales de la electrónica, más "económicos" que los de su laborioso bricolage tecnológico. Su máquina, desde este punto de vista, como descubrió Francois Caradec, se parece a la "noria" ideada en aquellos tiempos por Agostino de Ramellis para consultar simultáneamente varios libros sin levantarse de la silla, aunque lo más cercano en el tiempo serían los sistemas de mecanización de información por medio de aparatos manuales y fichas con muescas u orificios, en boga en la etapa inmediatamente anterior a la eclosión electrónica e informática.
Para conjurar los fantasmas de la entropía rousseliana Fassio separó las Nuevas Impresiones de África en seis series de textos ubicados entre diferentes tipos de paréntesis (desde los simples hasta los quíntuples), ordenados en tarjetas identificadas con los colores rojo, azul, amarillo, verde, violeta y naranja (una de las ideas de Roussel para distinguir las diversas zonas en la impresión del libro).
Cada canto rousseliano puede ser comparado estructuralmente con una serie de círculos con radios concéntricos y excéntricos, circunstancia que fue tomada en cuenta por Fassio para adecuar el tamaño de las tarjetas (seis radios diferentes para los textos y cuatro para las notas, lo que forma un total de diez radios para el conjunto de los cantos) y montarlas sistemáticamente sobre un eje horizontal que gira manualmente hacia adelante y atrás. La ventaja visual y manual de la máquina reside en que permite retomar los pasajes interrumpidos por los paréntesis y garantiza, dentro de lo razonablemente posible en el caso de Roussel, una lectura fluida y casi lineal de sus Nuevas Impresiones de África, cuya técnica de impresión supone complejidades que obligarían a su vez a un dilatado paréntesis.
Fassio, desde luego, se movía en los años '50 en un universo liminar, en el que todavía se mezclaban la mecánica manual y el bricolage maquinista de Dadá con los primeros avances cibernéticos de Wiener, Von Neumann y Turing. En estos días el sutil e imaginativo investigador de dificultades que fue Fassio se hubiese valido seguramente de un pequeño computador, para desandar de modo expeditivo las perplejidades en que lo sumía Roussel, objeto de sus desvelos como sostenedor de la Cátedra de Trabajos Prácticos Rousselianos.
Pero en aquellos tiempos extrañamente cercanos y remotos sólo se podía pensar en la gigantesca e inalcanzable contundencia de la ENIAC, con sus 30 toneladas de peso, sus 18 mil lámparas radiantes (cuyo funcionamiento a pleno hacía parpadear las luces de Filadelfia) y sus 5 mil sumas por segundo, y acaso muy módicamente en las primeras UNIVAC digitales, que reducían considerablemente las trepidaciones del monstruo. En aquel momento Turing, con sus excentricidades de maratonista y "sabio loco", era
todavía la gran figura de la informática, vinculada con el esotérico desciframiento de las claves alemanas de la Segunda Guerra y con la resolución de problemas similares a los enfrentados por Fassio desde la poesía: descubrir, matemáticamente desde luego, que un eslabón defectuoso de cadena de bicicleta provocaba el desprendimiento de la misma cuando coincidía —cada n número de veces— con uno de los rayos de la rueda, o diseñar (para resolver complejísimos problemas de lógica matemática en los campos de la computación y de la teoría de la decisión) una computadora infalible y económica cuyo único hardware eran un lápiz de mina blanda y un block de papel común.
Sobre el interés de la figura y de la múltiple y poco conocida labor intelectual de Fassio —quien entre otras cosas fue un competente y accidental divulgador científico, capaz de provocar el asombro de varios matemáticos por su insólita capacidad para simplificar abstrusas cuestiones de cálculo diferencial e integral dan cuenta unas líneas finales de las memorias del barón Mollet, ex-secretario de Apollinaire y Sátrapa Supremo del Colegio de Patafísica, quien menciona elogiosamente su nombre junto a los de Max Ernst, Ionesco, Siné, Boris Vian, Jean Dubuffet, Raymond Queneau y otros patafísicos reales y virtuales. Cortázar, por su parte, relata en La vuelta al día en ochenta mundos un encuentro fortuito con Fassio en la casa que éste ocupaba en la calle Misiones: "Tuve en mis manos la máquina para leer las Nouvelles impressions d'Afrique, y también la valija de Marcel Duchamp; Fassio, que hablaba poco, servía en cambio unos sandwiches de tamaño natural y mucho vino tinto, y acabó sacando una Kodak del tiempo de los pterodáctilos con la que nos fotografió a todos debajo de un paraguas y en otras actitudes dignas de las circunstancias". Fassio estaba presente, de algún modo, en esas fotografías.

Jorge B. Rivera, Postales electrónicas. (Ensayos sobre medios, cultura y sociedad), Atuel, Buenos Aires, 1994.

martes, 15 de julio de 2014

Nº1 "Soberanía Idiomática": Documento / Manifiesto.




I


El lema actual de la RAE es “unidad en la diversidad”. Lejos del purista “limpia, fija y da esplendor”, el de hoy anuncia la mirada globalizadora sobre el conjunto del área idiomática. Podría entenderse como enunciado referido al carácter pluricéntrico del español, pero como al mismo tiempo la RAE define políticas explícitas en la conformación de diccionarios, gramáticas y ortografías, el matiz de “diversidad” que propone termina perdiéndose en el marco de decisiones normativas y reguladoras que responden a su tradicional espíritu centralista. Las instituciones de la lengua son globalizadoras cuando piensan el mercado y monárquicas cuando tratan la norma. La noción pluricéntrica, entendida en sentido estricto (diversos centros no sometidos a autoridad hegemónica), queda cabalmente desmentida entre otros ejemplos por el Diccionario panhispánico de dudas (2005), en el que el 70% de los “errores” que se sancionan corresponde a usos americanos. El mito de que el español es una lengua en peligro cuya unidad debe ser preservada ha venido justificando la ideología estandarizadora, que supone una única opción legítima entre las que ofrece el mundo hispanohablante.

En la tradición del pensamiento argentino esto se ha debatido profusamente. Desde la intervención de Sarmiento sobre la necesaria reforma ortográfica hasta la afirmación del matiz en Borges, la condición americana de nuestra lengua no estuvo exenta de querellas. Para los hombres del siglo XIX se trataba de sacudir la condición colonial de esa herencia y por ello emprendieron la búsqueda de formas atravesadas por otros idiomas. Pero si coquetearon con el francés, se asustaron con el cocoliche, y aún más con la idea de que la diferencia provenía de los diversos mestizajes y contactos con el mundo indígena. Las discusiones sobre la lengua fueron discusiones sobre la nación. Durante el siglo XX, los debates sobre la lengua también fueron en gran medida debates sobre las instituciones y sobre el papel del Estado nacional. La emergencia de voces que propugnaban por una “soberanía idiomática” tuvo un momento de condensación cuando el gobierno peronista enunció, en 1952, el objetivo de crear una Academia Nacional de la Lengua para que produjera instrumentos lingüísticos propios. Cuestionaba, así, a las academias normativas existentes, en particular a la Real Academia Española.

Son y no son nuestros debates. En este momento, la crítica a España no debería abrir posiciones de retorno a esos énfasis nacionales. Que por un lado creían en las nuevas amalgamas y por otro tendían a borrar toda diferencia interna, negando, para ser nacionales, la heterogeneidad étnica y cultural de las poblaciones habitantes del territorio. Nuestra contemporaneidad, signada por intentos novedosos de integración sudamericana, en la que por primera vez la región se ha dado instituciones políticas de articulación (el Mercosur, el Unasur, el Alba) abre una perspectiva fundamental: la de considerar la cuestión de la lengua a nivel regional, como dimensión de esos procesos en los que frente a la globalización mercantil se forja una alianza entre los países de la región.

Una región en la que hay dos lenguas mayoritarias, el portugués y el español, y lenguas indígenas que trascienden las fronteras nacionales, como el quechua, el mapuche, el guaraní, merece políticas de integración y comunicación, apostando al bilingüismo y al reconocimiento de lo plural y cambiante en los idiomas. La lengua es el campo de una experiencia y la condición para la constitución de sujetos políticos y, a la vez, una fuerza productiva.

II

Valoración política de la heterogeneidad más que festejo mercantil de la diversidad. Eso reclamamos. No sólo en lo que hace a territorios nacionales en los que coexisten lenguas indígenas y lenguas migratorias. También afirmación de la heterogeneidad en los usos literarios y expresivos. La idea de un “castellano neutro”, usada en los medios de comunicación y en algunos tramos de la legislación, termina situando una variedad —en general la culta de las ciudades— en ese lugar sin comprender su propia condición relativa y arbitraria. En la oralidad borra las diferencias regionales y en la escritura funciona como llamado a un aplanamiento de la capacidad expresiva en nombre de la comunicación instrumental.

Allí funciona, como es posible ver en las industrias editoriales y en los medios de comunicación, una estrategia de mercado que no supone menos homogeneización y supresión de las diferencias que las viejas instituciones estatales y sus controles disciplinarios. La integración latinoamericana, como horizonte necesario de las políticas nacionales, supone una conjunción de esas heterogeneidades y no su olvido en nombre de una globalización sin asperezas ni rugosidades.

Así como hay discusiones en curso sobre los medios y sobre la justicia, creemos necesario constituir un foro sobre las cuestiones que hacen a las políticas de la lengua. No es necesario abundar sobre esa dimensión pero sí enunciar algunos ejemplos: las industrias audiovisuales no pueden pensarse, tal como se hace visible con la ley del doblaje, sin decisiones sobre la lengua o sólo con la idea de trabajo nacional o desarrollo propio; las estrategias educativas centradas en la distribución de herramientas tecnológicas no pueden completar su tarea sin la consideración de los contextos lingüísticos de su aplicación; la literatura no puede desligarse de la consideración social de la lengua que hablamos y tampoco de la situación del mundo editorial, ligado de múltiples modos con los mercados internacionales. Todos estos fenómenos tienen varias dimensiones: la material, económica, empresarial, laboral y la que hace a la fundación cultural. No pueden verse como disyuntivas tenaces, a elegir entre cosmopolitismos entreguistas y defensas soberanistas, sino como la oportunidad única, para América Latina, de recrear sus modos de integrarse y diferenciarse.

III


En marzo de 1991, el gobierno de Felipe González, con explícito auspicio de la corona española, creó el Instituto Cervantes, situándolo en principio como dependencia del Ministerio de Asuntos Exteriores. La fecha y la iniciativa de gobierno no son en nada ajenas al proceso político de rápida integración europea en el que en ese período, entre mediados de la década del ’80 y la década del ’90, se encontraba España, obligada entonces a poner en línea con la Unión no sólo los índices de regulación fiscal y un conjunto de estrategias económicas para ingresar plenamente al mercado común europeo, sino también sus políticas de administración pública, educativas y culturales. Es en el marco general de esas reformas que el gobierno español asume la determinación de proyectar institucionalmente la lengua, entendiéndola como bien estratégico. Se inscribe así en una larga tradición europea que arranca en Francia en el siglo XIX. La Alliance Française, que según las mediciones estadísticas de la Unión, se promociona actualmente como la organización cultural más grande del mundo, fue creada en 1883, por un comité de notables entre los que se encontraban Louis Pasteur, Ernest Renan, Jules Verne, el ingeniero Ferdinand Lesseps y el editor Armand Colin. El propósito de la institución, equivalente del tardío Instituto Cervantes, fue también el de difundir la lengua y la cultura francesas en el mundo. Hacia fines del siglo XIX, este objetivo enlaza evidentemente con las políticas de expansión y reparto de zonas de influencia de las potencias imperiales europeas. A cuenta del ingeniero Lesseps no sólo hay que poner esa iniciativa “cultural”, también la construcción del canal de Panamá y del canal de Suez (el uno indispensable conexión oceánica para las nuevas configuraciones del mercado mundial y el otro pieza fundamental de la política imperial francesa); y de su discípulo Alfred Ebélot, la construcción argentina de la zanja de Alsina, foso fronterizo con el mundo indio. La Società Dante Alligieri se funda en 1889, su primera zona fuerte de influencia se sitúa en el norte de África. Y ya en el siglo XX, el British Councily las asociaciones de cultura inglesa y en la reconstrucción alemana de posguerra (1951) el Goethe Institut. En los últimos años, en un contexto bien diferente, se fundaron el Instituto Confucio (China) y el Camões (Portugal), al tiempo que Brasil proyecta su Instituto Machado.

Esta brevísima descripción de los organismos europeos creados para la difusión de sus lenguas centrales, vinculados en general con perspectivas diplomáticas y de política exterior, apunta a señalar que fueron inicialmente concebidos como instrumentos de asociación entre el valor “comunicacional” de la lengua y el sistema de expansión y aclimatación de la economía mundial en el período. La lengua queda así principalmente comprometida en su rasgo instrumental, como dispositivo técnico de penetración económica por una parte, y a la vez como fórmula de colonización y propagación cultural. No muy distinto es el caso del Instituto Cervantes. Adaptado a las exigencias de la integración española a Europa en el auge de la globalización, se propuso sin embargo y desde el comienzo como apéndice de una articulación mayor y específica con la vieja institución reguladora de la lengua, la Real Academia y sus sedes y correspondientes americanas. El Cervantes se define así en un doble escenario funcional: instrumento de promoción de la enseñanza del español y de divulgación cultural en países y regiones no hispanohablantes, e institución de apoyo a las políticas reguladoras y normativas de la lengua en países de habla hispana. Esta doble función la distingue del resto de los organismos europeos equivalentes. La Academia Francesa o la Italiana (Accademia della Crusca) no buscan imponer significativamente formas normativas a través de la Alliance o la Dante; y en el contexto anglófono, como se sabe, no hay institución que rija las mutaciones y variedades de la lengua inglesa. En esos años, los ‘90, el Cervantes se asume como correlato y “avanzada” del intenso crecimiento de los negocios españoles en Sudamérica (privatización de las comunicaciones, de la energía y del transporte, fuerte penetración de la banca, etc.). Por su parte, y ya a partir de la década anterior, las industrias culturales españolas comienzan a proyectarse como un campo de profuso rendimiento. La industria editorial, entonces fuertemente subsidiada por el estado español, fue esbozándose como cifra hegemónica en la región idiomática y beneficiaria de los bruscos procesos de concentración del sector. Desde entonces, el Instituto Cervantes ha sido y es una pieza decisiva en la construcción de la “marca” España. La palabra “marca”, con la que el Instituto Cervantes y sus organismos satélites tienden a identificarse, y referida para nombrar los desplazamientos de mercado, las astucias y fetichismos de la publicidad, constituye una huella histórica evidente del papel que viene asignándose a la lengua.

IV

La lengua no es un negocio, pero a menudo se la trata como tal, y entre algunas corporaciones españolas, por ejemplo, cunde la metáfora de compararla con el petróleo. España no tiene crudo, se dice, pero perforando en sus yacimientos brotó a borbotones el idioma español, que terminó por arrojar más y mejores réditos. Pero las perforaciones no se hacían sólo en Madrid, también en Medellín, en Lima, en Santiago, en Buenos Aires; en materia idiomática, España siempre sintió que se trataba de “sus” yacimientos, pues no se cansa de decir que se trata de un “bien común” e “invaluable”, y que por eso es ella la que se encarga de comercializarlo en el resto del mundo. El patrimonio es compartido, pero la destilación es extranjera.

Para dimensionar la realidad petrolífera de la lengua citaremos sólo algunos datos que surgen del Informe 2012 del Instituto Cervantes: Más de 495 millones de personas hablan español. Es la segunda lengua del mundo por número de hablantes y el segundo idioma de comunicación internacional. En 2030, el 7,5% de la población mundial será hispanohablante (un total de 535 millones de personas). Para entonces, sólo el chino superará al español como lengua con un mayor número de hablantes nativos. Dentro de tres o cuatro generaciones, el 10% de la población mundial se entenderá en español. En 2050 Estados Unidos será el primer país hispanohablante del mundo. Unos 18 millones de alumnos estudian español como lengua extranjera. Las empresas editoriales españolas tienen 162 filiales en el mundo repartidas en 28 países, más del 80% en Iberoamérica, lo que demuestra la importancia de la lengua común a la hora de invertir en terceros países. Norteamérica (México, Estados Unidos y Canadá) y España suman el 78% del poder de compra de los hispanohablantes. El español es la tercera lengua más utilizada en la Red. La penetración de Internet en Argentina es la mayor entre los países hispanohablantes y ha superado por primera vez a la de España. La demanda de documentos en español es la cuarta en importancia entre las lenguas del mundo.

Otro dato final, que no consta en el Informe: el 90% del idioma español se habla en América, pero ese 90 acata, con más o menos resistencia, las directivas que se articulan en España, donde lo habla menos del 10% restante. Estos números bastan para comprender el interés en discutir los destinos de la lengua: sus usos, su comercialización, su forma de ser enseñada en el mundo. Si fuera sólo un asunto económico no tendría relevancia el tema, pero afecta a las democracias, a la integración regional, a la soberanía cultural de las naciones.

Pretendemos evidenciar esta realidad, no para crear un frente común contra España, a la que no consideramos nuestra enemiga. El problema es el monopolio, la utilización mercantil de la lengua y la consiguiente amenaza cultural que supone imponer el dominio de una variedad idiomática. España no es el enemigo, pero no solapamos la necesaria polémica que debemos establecer con sus órganos de difusión y comercialización de la lengua. Cuando el rey Juan Carlos le dice al nuevo director del Instituto Cervantes y ex presidente de la Real Academia: «¡Ocúpese de América!», nosotros conocemos bien la naturaleza profunda de esa ocupación.

España, por lo demás, tiene todo el derecho del mundo a tener una política de Estado en relación a la lengua; lo insólito es que nuestro país no la tenga, cediéndole el «derecho a disfrutar bienes ajenos con la obligación de conservarlos, salvo que la ley autorice otra cosa», según define «usufructo» el Diccionario de la RAE, al que le rendimos este pequeño tributo, apelando a sus propias definiciones.

V

El Cervantes, organismos como Fundéu (Fundación para el español urgente), y las expresiones y acuerdos de colaboración con las Academias Nacionales de la lengua, suelen indicar explícitamente el patrocinio de empresas e instituciones que las promueven: Iberia, BBVA, Banco Santander, Repsol, RTV, Agencia EFE, CNN en español, etc. Los efectos de esta ofensiva de dominio sobre la lengua son vastísimos y de compleja delimitación. Nos interesa destacar aquí, preliminarmente, el modo en que se han ido obstaculizando las vías de comunicación, encuentro e intercambio latinoamericano. Las corporaciones de medios y los monopolios editoriales en combinación con las instituciones y organismos de control de la lengua produjeron un creciente aislamiento cultural entre nuestros países, sólo revisado en el plano político, social y económico por los proyectos de integración regional (Unasur, Mercosur, Alba), pero no suficientemente interrogado en el plano cultural. Hasta la década del ’70, en el período inmediatamente anterior a la generalización de modelos dictatoriales de gobierno en la región, la literatura latinoamericana produjo, al margen del llamado “boom”, acontecimientos relevantes de cruce e interrelación. Acontecimientos cuya medida no atañe meramente a los mecanismos editoriales de distribución o comercialización del libro, sino al campo de la lengua misma, a sus procedimientos y construcciones poéticas. Los lectores argentinos, no requeridos de esa abstracción de mercado que se presenta bajo la fórmula “español neutro”, incorporaron sin dificultad el conjunto de variedades de la lengua e inversamente el idioma de los argentinos fue asimismo recibido y conjugado por lectores mexicanos, cubanos, peruanos, chilenos o colombianos.

Aunque se trata de una especulación no del todo comprobable, si es cierto que la neutralidad que ahora persiguen las grandes corporaciones editoriales reporta mayores ganancias, es a la vez indudable que pone en funcionamiento un mecanismo de abierto empobrecimiento de la lengua. El programa de uniformización que está en curso es el correlato concluyente de la naturaleza general normativa y de las corrientes totalizadoras de esta etapa del capitalismo. Aun a pesar de sus pronunciamientos y sermones democratistas, el espíritu neoliberal procede de una difusa raíz totalitaria. Si conocimos sobradamente la bestialización económica del programa, sus efectos destructivos de vaciamiento político institucional y los daños generales causados sobre el tejido social, no menos preocupante, aunque de verificación más opaca, resulta el impacto que esa lógica impuso e impone sobre la lengua. Como en la parábola de la “carta robada”: sus alcances están a la vista y a la vez ocultos.

Lo que es cierto respecto del control corporativo de los medios de comunicación, lo es también en el campo de la producción cultural, en el sector editorial, en el audiovisual, en la historia literaria reciente, en la traducción, en la enseñanza del español como lengua extranjera o en el amplísimo terreno de la educación pública. Por una parte enfrentamos la tarea de nombrar los efectos de estas políticas de la lengua, pero también, y sobre todo en condiciones de amenaza latente de restauración neoliberal, la necesidad perentoria de establecer una corriente de acción latinoamericana que recoja la pregunta por la soberanía lingüística como pregunta crucial de la época.

VI

Es tiempo, creemos, de sostener el camino de una lengua cosmopolita, a la vez, nacional y regional. Nuestro español, pleno de variedades, modificado en tierras americanas por el contacto con las lenguas indígenas, africanas y de las migraciones europeas, nunca fue un localismo provinciano. Fue lenguaraz y no custodio, es experiencia del contacto y no afirmación purista. Al menos, el que sostenemos como propio. En América Latina se han macerado grandes escrituras al amparo de esa búsqueda: desde el ensayismo del peruano José Carlos Mariátegui, que pensaba que una cultura nacional surgía de la doble apelación al cosmopolitismo y al indigenismo, hasta la antropología del brasileño Gilberto Freyre, que vio en el portugués del Brasil una creación de los esclavos africanos. Pero también desde la lengua mixta y tensa de José María Arguedas, lengua que problematiza la herencia colonial, o el barroco americano de Lezama, definido como lengua de contraconquista, hasta la precisa intervención borgiana. Porque Borges, cuyo peso y búsquedas en estas discusiones son innegables, fue quien marcó el camino de una inscripción profundamente argentina de la lengua literaria y a la vez la desplegó como español universal.

Borges es el Cervantes del siglo XX: esto es, el renovador mayor de la lengua, no sólo para su país natal sino para el conjunto de los hispanohablantes. Si en los años veinte buscó en la sonoridad de la criolledá la expresión idiomática propia, una década después descubría que no se trata de color local: que la lengua estaba en un tono, una respiración, una andadura. Lo hizo de modos polémicos y no poco cuestionables, como su carácter antiplebeyo y sus derivas conservadoras. Pero es el momento de recuperar, con su nombre, una apuesta que toma la suya como inspiración y al mismo tiempo debe modificarla.

Una apuesta, dijimos, a generar un estado de sensibilidad respecto de la lengua, que no se restrinja a una reflexión académica sino que enfatice sobre su dimensión política y cultural, y que se proyecte sobre las grandes batallas contemporáneas alrededor de las hegemonías comunicacionales y la democratización de la palabra. Una apuesta que por ahora imaginamos doble: la constitución de un foro de debates en el Museo del libro y de la lengua de la Biblioteca Nacional y el impulso a la creación de un Instituto Borges: un ámbito desde el cual producir una composición latinoamericana de estas cuestiones. Una institución que lleve este nombre, como episodio argentino de una política encaminada a la creación de una Asociación Latinoamericana de la lengua, forzosamente deberá considerar su acto de fundación también como un acontecimiento de la lengua, portador de su memoria viva, de su pasado escurridizo y de las adquisiciones que obtiene y puede perder en su camino. Un Instituto Borges puede ser una institución con sus actos de reunión y reconocimiento, pero también una inflexión para mantener la vida propia del horizonte lenguaraz en el que vivimos.

Adhieren :

Irene Agoff / Nelson Agostini / Susana Aguad / Jorge Alemán / Fernando Alfón / Marta Algañaraz / Germán Álvarez / María Teresa Andruetto / Carlos Aprea / Daniel Arias / Ricardo Arondskind / Mario Arteca / Virginia Avendaño / Julián Axat / Alberto Enrique Azcárate / Martín Baigorria / Cristina Banegas / Silvia Battle / Diana Bellessi / Gabriel Bellomo / Facundo Beret / Carlos Bernatek / Emilio Bernini / Esteban Bértola / María del Carmen Bianchi / Alejandra Birgin / Esteban Bitesnik / Jordana Blejmar / Jorge Boccanera / Martín Bonavetti / Karina Bonifatti / José Luis Brés Palacio / Mauro Cabral / Cecilia Calandria / Mario Cámara / Marcelo Campagno / Fernando Gabriel Caniza / Arturo Carrera / Albertina Carri / Claudio Javier Castelli / José Castorina / Bettina Castro / Mariana Casullo / Gisela Catanzaro / Diego Caramés / María Carman / Carlos Carrique / Claudio Javier Castelli / Alejandro Castro / Matias Cereso / Pilar Chargoñia / Soledad Chávez Fajardo / Sergio Chejfec / Gloria Chicote / Luis Chitarroni / Marcelo Cohen / Sara Cohen / Vanina Colagiovanni / Abel Córdoba / Hugo Correa Luna / Ricardo Costa / Maximiliano Crespi / Américo Cristófalo / Rubén Cucuzza / Guillermo David / Daniela de Angelis / Oscar del Barco / Silvia Delfino / José del Valle / Marcelo Díaz / Marta Dillon / Ariel Dilon / Gabriel D’Iorio / Pablo Di Luozzo / Irene Di Matteo / Ángela Di Tullio / Nora Domínguez / Víctor Ducrot / Juan Bautista Duizeide / María Encabo / Andrés Ehrenhaus / Vanina Escales / Ximena Espeche / Liria Evangelista / José Pablo Feimman / Susana Felli / Javier Fernández Miguez / Alejandro Fernández Moujan / Christian Ferrer / Gustavo Ferreyra / Roxana Fitch / Sergio Fombona / Ricardo Forster / Daniel Freidemberg / Silvina Friera / Mariana Gainza / Leila Gándara / Germán García / Gabriela García Cedro / Diana Gamarnik / Jorge Garacotche Canturbe / Laura Gavilán / Juan Gelman / Alicia Genovese / Juan Giani / Mempo Giardinelli / Inés Girola / Horacio González / Mara Glozman / Ezequiel Grimson / Cecilia Guardati / Luis Gusmán / María Inés Grimoldi / Liliana Heer / Sebastián Hernáiz / Liliana Herrero / Flora Hillert / Walter Ianelli / Belén Ianuzzi / Cecilia Incarnato / Pablo Ingberg / Ezequiel Ipar / María Iribarren / Carmen Iriondo / Esmeralda Iturbide / Estela Jajam / Noé Jitrik / Mario Juliano / Lisandro Kahan / Tamara Kamenszain / Pedro Karczmarcyck / Mauricio Kartun / Alejandro Kaufman / Guillermo Korn / Laura Kornfeld / Eduardo Kragelund / Daniel Krupa / Inés Kuguel / Christian Kupchik / Gabriela Krickeberg / Juan Manuel Lacalle / Alicia Lamas / Ernesto Lamas / Luis Fernando Lara / Laura Lattanzi / Daniela Lauría / Juan Laxagueborde / María Lenz / Yanina Leonardi / Gabriel Lerman / Pablo Licheri / Daniel Link / Graciela Litvak / Julio César Livellara / Silvia Lobov/ Miguel Loeb / María Pia López / Alberto López Girondo / Julián López R. / Javier Lorca / Federico Lorenz / José Lovizolo / Silvia Llomovate / Pablo Luzuriaga / Silvia Maldonado / Ricardo Maliandi / Anahí Mallol / Mónica Marciano / Karina Mauro / Alejandro Méndez / Juan Molina y Vedia / Alejandro Montalbán / Alberte Montserrat / Margarita Martínez / Silvio Mattoni / Karina Mauro / Nora Maziotti / Ana Mazzoni / Mauro Miletti / Juan Carlos Moreno Cabrera / Graciela Morgade / Marcelo Moscariello / Mariana Moyano / Vicente Muleiro / Daniel Mundo / Carolina Muzi / Leopoldo Nacht / Ricardo Nacht / Gustavo Nahmías / Viviana Norman / Celia Nusimovich / José María Pallaoro / Dante Palma / Cecilia Palmeiro / Silvia Panebianco / Fernando Peirone / Quique Pessoa / Ricardo Piglia / Pablo Pineau / Agustín Prestifilippo / Nicolás Prividera / Mercedes Pujalte / Alejandro Raiter / Horacio Raña / Carolina Ramallo / Marcelo Rapoport / Héctor Recalde / Gabriel Reches / Roberto Retamoso / Dora Riestra / Eduardo Rinesi / Florencia Rizzo / Sandra Rocaro / Matías Rodeiro / Martín Rodríguez / Esteban Rodríguez Alzueta / Susana Rodríguez Barcia / Carmen Rolandelli / Emilio Rollié / Laura Rosato / Eduardo Rubinschik / Alejandro Rubio / Sebastián Russo / Andrés Saab / Guillermo Saavedra / Florencia Saintout / Gustavo Salerno / Mariana Santangelo / Juan Sasturain / Silvia Schwarzböck / Clara Schor-Landman / Sylvia Schulein / Silvia Senz / Alberto Silva / José L. Slimobich / Perla Sneh / Ricardo Soca / Jaime Sorín / Isabel Steinberg / Eduardo Stupía / Daniel Suárez / Ximena Talento / Diego Tatián / Marcelo Topuzian / Javier Trímboli / Hugo Trinchero / Pablo Usabiaga / Horacio Verbitsky / Washington Uranga / Lía Varela / María Celia Vázquez / Miguel Vedda / Aníbal Viguera / Ernesto Villanueva / Miguel Vitagliano / Miguel Wald / Adriana Yoel / Patricio Zunini

Nº1 "Soberanía Idiomática": Diccionario de americanismo.


por Luis Fernando Lara

Para todo lector un diccionario sirve, ante todo, para facilitar la comprensión de voces que desconoce o cuyo significado, al menos, le resulta oscuro. De ahí que tengan utilidad obras en las que se ofrece una glosa aproximada del significado o una breve definición, siempre que el acervo de vocablos que contenga sea suficientemente amplio. El Diccionario de americanismos cumple con esta necesidad de sus lectores en la medida en que logra reunir cerca de 55 000 artículos correspondientes a palabras registradas, primero, en el acervo histórico de la Real Academia Española —28 000, según afirma su introducción—; después, en «casi 150 diccionarios de americanismos —generales y nacionales— publicados desde 1975 a la fecha» y otros más todavía inéditos, y también ofreciendo pequeños textos definitorios que ayudan a la comprensión de los significados.

Hace por lo menos medio siglo que varios filólogos y lingüistas hemos venido poniendo en cuestión el sentido de una obra de esta clase. Cuestionamos el planteamiento diferencial que lo sustenta, en cuanto supone que el vocabulario del «español general» corresponde, en su mayor parte, al peninsular, y dentro de éste, al que los diccionarios de la Academia Española han venido reuniendo desde hace tres siglos, en tanto que los americanismos —como también los andalucismos, murcianismos, canarismos, etc.— solo pueden constituir un vocabulario periférico, todavía marcado en muchos lugares de España e Hispanoamérica como proclive al barbarismo y siempre objeto de necesaria corrección. Si cuando se elaboró el Diccionario de autoridades, entre 1713 y 1729, no se hacía diferencia entre el vocabulario utilizado en América por peninsulares aclimatados en América, criollos y mestizos, y el utilizado por españoles en la Península, la concepción colonialista que introdujeron los borbones desde Francia, el correspondiente centralismo de Madrid y la extrema dificultad española —que persiste en gran parte de su público— para hacerse cargo de la extensión del ámbito americano y conocer su variedad cultural fueron perfilando una clara ideología, según la cual la metrópoli colonial se distingue de su periferia, tanto peninsular como americana, y, en consecuencia, las variedades del español en América solo pueden tomarse en cuenta por su particularismo, su pintoresquismo o su exotismo. De ahí que el «español general» preconizado por la Academia Española y sus satélites americanas no sea otra cosa que la manifestación de esa ideología. No se podrá hablar, objetiva y documentadamente, de un «español general» mientras no haya estudios descriptivos profundos de la realidad de la lengua española en los 20 países que la tienen como lengua nacional, estudios que las Academias no se han planteado llevar a cabo y cuya necesidad ni siquiera parecen reconocer; mientras tales estudios no existan, no se puede proceder a una comparación entre todas las variedades —incluidas, por supuesto, las de España— que permitan deslindar un «español general» o «común» o «internacional», respecto del cual se reconozcan los particularismos de cada dialecto, incluidos, por supuesto, los españolismos, que claramente existen, y aquellos cuya difusión pueda realmente ser atribuida a toda América o a amplias regiones históricas americanas, que sería el caso de los americanismos.

López Morales dio a conocer en el opúsculo Diccionario académico de americanismos la «Presentación y planta del proyecto». En ella define el Diccionario de americanismos (DA) como un «diccionario dialectal —el español de América [el subrayado es mío]— y diferencial con respecto al español de España» (p. 70); de él se excluyen «términos que, aunque nacidos en América, se usen habitualmente en el español europeo (chocolate, canoa, tomate, etc.)».

El DA se presenta también como un diccionario descriptivo, en el sentido de no ser normativo. La Academia Española, en efecto, ha venido derivando de su normativismo histórico a un descriptivismo —acerca de cuyas características no parece haber reflexionado— que causa bastante confusión en una comunidad hispánica malacostumbrada al dictado académico. Como sucede con todos los diccionarios de la Real Academia, sus datos no son fruto de investigaciones amplias y rigurosas del léxico hispánico; si se piensa que los 28 000 vocablos del acervo madrileño se han venido reuniendo desde hace trescientos años, y los que provengan de los «casi 150» diccionarios consultados tienen características muy heterogéneas en cuanto a extensión, planteamiento, calidad y actualidad, es imposible considerar que se trate, en efecto, de un diccionario descriptivo, independientemente de su utilidad.

Llama la atención el modo en que su anormativismo —que sería la designación más exacta, en vez de descriptivismo— se relaciona con una extraña concepción de lo usual, definido explícitamente en relación con la frecuencia de uso de los vocablos:

Este Diccionario es usual, por lo que recoge términos —sea cual sea su significado— con gran frecuencia de uso manejados en la actualidad; también otros cuya frecuencia de uso es baja, más los que han sido atestiguados como obsolescentes […] Sin embargo, la colecta […] ha tenido que ser selectiva, dado el espacio limitado del que se disponía (p. xxxii).

Es claro que «frecuencia de uso» tiene para el DA y su director dos significados: por un lado, en lo que se refiere a la nomenclatura —o lemario, como les gusta decir a los lexicógrafos españoles—, esta debe haberse compuesto mediante una selección de datos del acervo madrileño, los diccionarios de americanismos consultados y algunas opiniones de informantes selectos en cada país hispanoamericano, que definieron su «actualidad»; la inclusión de voces «obsolescentes» contradice también ese criterio de frecuencia; por el otro, en lo que se refiere al orden de las acepciones de cada palabra, según explica López Morales en la página 80 de la «Presentación y planta»: «La frecuencia se medirá atendiendo a las cifras de hispanohablantes (no de habitantes)» de cada país americano; por la cual México, Colombia y Argentina definen lo más usual de las acepciones. Es decir, cualquier acepción de un vocablo, si se registra en México, aunque sea poco frecuente en este país, predominará sobre el resto de las acepciones de los vocablos. Una extraña multiplicación: una acepción poco frecuente en México, multiplicada por el número de sus hablantes, la vuelve más usual que cualquier acepción muy frecuente en Cuba o en El Salvador, por ejemplo. Además de que su criterio de la frecuencia es totalmente peregrino, los autores del DA no se han dado por enterados de la diferencia entre frecuencia y dispersión, un criterio elemental de la estadística lingüística: es más usual un vocablo muy usado en toda Cuba —mejor disperso—, que un vocablo apenas usado en alguna región de México —poco frecuente y mal disperso—. Sin embargo, cuando se trata de las marcas de uso regional o diatópico en cada artículo, se listan de norte a sur para «facilitar la observación de las correspondientes isoglosas léxicas»: desde los Estados Unidos de América hasta Argentina y Chile.

Así, el DA obedece a una caprichosa mezcla de objetivos y de criterios, disfrazada de razonamiento lingüístico riguroso. Si predominara el criterio legítimo de la frecuencia, la nomenclatura habría resultado muy diferente, y, cuando se trata de las acepciones de los vocablos, una agrupación por frecuencia da al traste con cualquier arreglo que permita facilitar el reconocimiento de isoglosas léxicas, pues todo orden basado en la mera frecuencia —y menos con esa idea de la frecuencia— da lugar a una extrema aleatoriedad en la comprensión de los significados. Así, por ejemplo, a danzón se le asigna como primera acepción una mexicana: «Música del danzón en compás de dos por cuatro y ritmo lento» (¡bonita circularidad de la definición!) y solo después aparece la cubana: «Baile popular parecido a la habanera»; como todos sabemos, el danzón nació en Cuba y de allí llegó a México, y basta con una buena definición del ritmo, la cadencia y la combinación de compases, unida a la nota de que es parecido a la habanera, para eliminar una acepción imprecisa y redundante, y permitir una isoglosa léxica con sentido, en vez de fragmentar el artículo en dos acepciones, ordenadas de norte a sur. Una isoglosa léxica, es decir, la línea que se puede trazar en un mapa uniendo las zonas en donde se utiliza un vocablo, no se puede restringir al significante de la palabra, sino que tiene que considerar su significado. La posible isoglosa de danzón parece corresponder a toda la cuenca del Caribe —al interior de México llegó por Yucatán— y es un fenómeno cultural más importante de lo que pueda señalar la coincidencia del significante.

Lo primero que llama la atención al abrir el diccionario es la gran cantidad de variantes, derivaciones morfológicas, significados diferentes y locuciones que enlista. Por ejemplo, a partir de arrollar, común en español, se encuentra arrollacalzones, arrollada, arrollado, arrollao. A partir de hablar, se registra hablachento, hablaculo, hablada, habladera, habladero, habladito, hablado, hablador, hablador,-a, hablaera, hablamierda, hablantín, hablantín, -a, hablantina, hablantino, -a, hablantinoso, -a, hablapaja, y 80 locuciones.

Esa riqueza de datos, aunque debe manejarse con una cartesiana duda metódica, hace del DA una obra necesaria en toda biblioteca especializada en el conocimiento de la lengua española, a pesar de sus defectos.

La estructura formal del artículo, su microestructura, sigue las pautas comunes en lexicografía hispánica, por lo que es de fácil lectura. Cada artículo ofrece información de la lengua de procedencia de los vocablos, cuando se trata de orígenes amerindios o no españoles. Los verbos se citan en su forma infinitiva y se señala su funcionamiento sintáctico; de los sustantivos y adjetivos se ofrece su forma canónica masculina, pero seguida de la indicación de su forma femenina cuando la hay (feo, -a). Llama la atención el modo sistemático en que los nombres —sustantivos y adjetivos— dan lugar a entradas homónimas, en que se separa, por ejemplo, movida y movido, -a. Al hacerlo, movida, como sustantivo exclusivamente femenino, se separa de movido, -a que puede ser sustantivo o adjetivo, masculino o femenino. Si se atiende al significado, las acepciones agrupadas bajo I de movida comienzan por un significado mexicano: «Estrategia o maniobra que se realiza para llevar a cabo algún asunto»; sigue «Negocio sucio o ilegal» y solo aparece como tercera acepción «Movimiento que se hace de una cosa» —que sería el significado principal si se considerara una agrupación significativa de las acepciones—, porque se registró en Nicaragua —esta acepción es común en el español y, en consecuencia, tendrían que haberla dejado fuera del diccionario—. Luego aparece una acepción II: «Cita o romance secreto» y en III vuelve «Acción ilegal o inmoral», que debería formar parte de I. La acepción I.1 de movido, -a «Amante, persona con la que alguien tiene relaciones ilícitas o clandestinas» debiera haber formado parte de las acepciones de movida, y no corresponde al resto de las acepciones listadas bajo esta entrada, también dignas de consideración a partir del significado de mover. ¿No habría sido más correcto, semánticamente hablando, hacer un solo artículo movido, -a y englobarlas todas? En particular, la acepción I.1 de movido, -a atribuida a México hace suponer que un amante masculino es un movido, lo cual es falso. Este tipo de organización homonímica produce extrañamiento y muchas dudas: hablador en Costa Rica se glosa como «Habladera, palabrería»; hablador, -ra, como «Mentiroso», se registra entre otros países, también en Costa Rica. No se ve cuál habrá sido el criterio para dividir en dos homónimos.

Las acepciones se agrupan con números romanos, para mostrar la cercanía de sus significados, aunque el criterio de frecuencia los desorganice, y después con arábigos, para separarlas una por una. Cuando solo hay una acepción, parece inútil asignarle un número, lo cual consume espacio y da a la página un abigarramiento innecesario. No hay ejemplos, lo cual es un grave defecto de este diccionario, pues si ya es difícil imaginar en qué condiciones semánticas se pronuncian o se escriben los vocablos, dadas las grandes diferencias dialectales del mundo hispánico, al no haber ejemplos, el interés por comprender adecuadamente los significados de los vocablos y sus usos se ve completamente contrariado.

Para ilustrar el valor del DA haré una somera comparación entre lo que registra este diccionario y lo que registra el Diccionario de argentinismos, coordinado por Claudio Chuchuy para la colección del Nuevo diccionario de americanismos, dirigida por Günther Haensch y Reinhold Werner desde Augsburgo, al comienzo en colaboración con el Instituto Caro y Cuervo de Bogotá, pero posteriormente adoptada por la Editorial Gredos de Madrid como Diccionarios contrastivos del español de América, cambiándoles el nombre y falseando el título, pues ahora el Diccionario de argentinismos (DArg) se nombra equívocamente Diccionario del español de Argentina (2000), a pesar de que no se trata de un diccionario integral del español de Argentina, como lo es el publicado por la editorial Voz Activa de Buenos Aires en 2008.

No hay duda de que han tomado en cuenta el DArg, aunque a veces sin consideración de los registros que ofrece y generalmente abreviando la información; así por ejemplo, en relajar, el significado «Causarle empalago a alguien un alimento o una bebida» no lo registra el DA en Argentina, aunque sí en Bolivia, si es que «Producir hartazgo un alimento o una bebida» es solo una formulación diferente del mismo significado; el significado argentino de «Hacer objeto a alguien de bromas o burla» (acepción II) tampoco aparece, aunque lo registra en Uruguay «Insultar, criticar o reprender duramente a alguien». No encuentro la razón para que, si el DArg ofrece una documentación, generalmente mucho más detallada en cuanto a registros dialectales y de nivel de lengua, no se integre al DA. Las diferencias en las definiciones de los significados pueden obedecer a interpretaciones diferentes de los lexicógrafos de ambos diccionarios. ¿Se puede pensar que, cuando el DA modifica su definición, lleva implícita una revisión crítica de la definición del DArg? En suri refiere a ñandú, en ñandú la descripción se abrevia —la paradoja del orden de países en el artículo lexicográfico: en México, los únicos ñandús que se conocen están en el zoológico o los vemos en algún documental; sin embargo, la marca Mx preside la definición—; luego agrega «Ar.no “hombre cubierto de plumas y colgantes que en las fiestas religiosas danza ante las imágenes en las procesiones”», e igualmente «Que no tiene dinero», acepciones que no registra el DArg; en cambio, el DA no registra el juego infantil «¿Suri me quieres comer?», ni hacer el suri, hacerse el suri. En el artículo de cachulero define «Cosa ordinaria, de mal gusto» y «Persona tosca o poco refinada» pero el DArg es más detallado: «Persona de extracción social humilde, especialmente la que es tosca y tiene poca cultura», y «Una prenda de vestir o un adorno, que revela mal gusto». En cambio, el DA no da aigüé, que registra el DArg, aunque sí ofrece achinado y cachi, que aparecen como voces afines a cachulero en el DArg.

En relación con los supuestos mexicanismos, para los cuales la mejor obra de referencia sigue siendo el Diccionario de mejicanismos de Francisco J. Santamaría (Porrúa, 1959), llama la atención que registre cabete «Cordón del zapato» en Puerto Rico y no en México, aunque lo incluya el Diccionario de mexicanismos (DM) de la Academia Mexicana (2010). En machincuepa ofrece «Voltereta, pirueta, maroma», un racimo de seudosinónimos, como lo hace el DM. Es una lástima que abrevie la

«Variedad de chile picante, de color rojo ladrillo, que se usa una vez secado con humo», es mejor que la del DA, tan vaga hasta volverla inútil: «Variedad de chile».

Entre la multitud de variantes que ofrece el DA destacan las formadas por variantes gráficas, por ejemplo: güilo, huilo «Tullido» en México y Nicaragua; cuitlacoche, huitlacoche, güitlacoche en México; huille, huilli en Chile; pero muchas otras son variantes festivas de vocablos, cuyo cuño social estable da lugar a dudas. Por ejemplo, registra estuche en Centroamérica como «Ataúd» y aunque señala que es popular, culto, espontáneo y festivo, lleva a uno a preguntarse si se entendería fuera de contextos festivos muy localizados; en cabús, después de su significado mexicano de «Último vagón de un tren de carga para uso de los tripulantes», asienta como metafórico un significado de «Hijo nacido tardíamente»; aquí se trata de un juego espontáneo, del cual no hay constancia de frecuencia de uso, que permita asignar ese significado al vocablo; lo mismo causa dudas estoque, que remite a estocada como «Mal aliento» en El Salvador; en Puerto Rico ¿se dirá estufa normalmente a un automóvil sin aire acondicionado? Jocho como «Hot dog» es una forma desconocida en México, aunque se haya podido decir alguna vez. Toma del DM la entrada dodge, para introducir una locución en dodge patas «A pie», que evidentemente no es una acepción de un vocablo *dodge ¡señalado como marca registrada! El DM ha seguido este procedimiento de manera irracional, y el DA lo sigue (¿o fue al revés?). En otras palabras, su afán de atenerse a lo que hayan registrado sus fuentes, sin ponerlas en tela de juicio, puede haber dado lugar a una verdadera inflación de formas y acepciones cuyo lugar más bien correspondería a estudios acerca de los juegos verbales en el mundo hispánico, en vez de darles cuño social en un diccionario.

El DA requiere una revisión crítica seria, rigurosa y con conocimiento de los métodos y los procedimientos de la lexicografía contemporánea; para los especialistas es una importante fuente de datos; para los lexicógrafos dedicados a elaborar diccionarios bilingües y los traductores a lenguas extranjeras, una obra riesgosa, pues puede inducirlos a atribuir correspondencias entre el español y las otras lenguas que no tienen sustento desde el punto de vista del cuño social de los vocablos registrados; para el público en general, una obra que sorprende por la acumulación de información que ofrece, pero que puede llevarlo a cometer errores de contexto y de cultura, si lo utiliza para dirigirse a hablantes de otros dialectos.

-------------------------

Bibliografía

Academia Mexicana de la Lengua (2010): Diccionario de mexicanismos. México D.F.: Siglo XXI.

Chuchuy, Claudio, y Laura Hlavacka de Bouzo (coords.) (1993): Nuevo diccionario de argentinismos. Tomo II de la colección Nuevo diccionario de americanismos. Santafé de Bogotá: Instituto Caro y Cuervo.

López Morales, Humberto (2005): Diccionario académico de americanismos: presentación y planta del proyecto. Buenos Aires: Academia Argentina de Letras.

Santamaría, Francisco J. (1959): Diccionario de mejicanismos. México D.F.: Porrúa.